sábado, 18 de abril de 2015

Crítica da Poesia

"Eis aqui a chuva idêntica e sua irritada maleza.
O sal, o mar desfeito…
Apaga-se o anterior, escreve-se depois:
Este convexo mar, seus migratórios
e enraizados costumes,
já serviu alguma vez para fazer mil poemas.

(A cadela infecta, a sarnosa poesia,
risível variedade da neurose,
preço que alguns pagam
por não saber viver.
A doce, eterna, luminosa poesia.)

Talvez não seja tempo agora:
nossa época
nos deixou falando sozinhos."

José Emilio Pacheco (trad Floriano Martins)

Nenhum comentário:

Postar um comentário