quinta-feira, 26 de maio de 2016

Poema 2

"Lancei ao abismo o osso da misericórdia; não é neces-
sário quando a dor faz parte da serenidade, mas a luci-
dez trabalha em mim como um álcool enlouquecido.

Sei que as unhas crescem na morte. Não

chega ninguém ao coração. Despojamo-nos de nós mesmos
ao expulsar a falsidade, esfolamo-nos e

não vem ninguém. Não
há sombras nem agonia. Bem:
não haja mais do que luz. Assim é
a última embriaguez: partes iguais
de vertigem e esquecimento."

Antonio Gamoneda

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