Numa paisagem de cinza absorta;
Já passou o furacão do amor,
Já não resta pássaro algum.
Tampouco folha alguma,
Todas vão longe, como gotas de água
De um mar quando seca,
Quando já não há lágrimas suficientes,
Porque alguém, cruel como um dia de sol na primavera,
Com apenas sua presença dividiu em dois um corpo.
Agora cabe recolher os restos de prudência,
Embora sempre algum nos falte;
Recolher a vida vazia
E caminhar esperando que lentamente se encha,
Se é possível, outra vez, como antes,
De sonhos desconhecidos e desejos invisíveis.
Tu não sabes nada disso,
Tu estás lá, cruel como o dia;
O dia, essa luz eu abraça bem apertado este triste muro,
Um muro, não entendes?,
Um muro diante do qual estou só."
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