segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Extrai do Todos os Dias

"Extrai do todos-os-dias 
O hoje de todo-o-sempre 
Até ao fim do mundo 
Quando o sol gelar 
A última eternidade. 
Embala amanhã nos braços dos outros 
A criança esquecida 
Que foi agora atropelada 
Por mil automóveis 
Em todas as ruas do mundo. 

Procura nas lágrimas recentes 
Os olhos de hão-de chorá-las 
Daqui a dez mil anos. 

E se queres a glória 
De ser ignorado 
Pelo egoísmo do futuro 
Ouve, poeta do desdém novo: 
Canta os mortos das barricadas 
E a volúpia das dores do tempo. 

(Mas pede às rosas que continuem a repetir-se até o fim das pedras...)"

José Gomes Ferreira

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