terça-feira, 9 de junho de 2015

Canto Esponjoso

"Bela 
esta manhã sem carência de mito, 
E mel sorvido sem blasfêmia. 

Bela 
esta manhã ou outra possível, 
esta vida ou outra invenção, 
sem, na sombra, fantasmas. 

Umidade de areia adere ao pé. 
Engulo o mar, que me engole. 
Valvas, curvos pensamentos, matizes da luz 
azul 
     completa 
sobre formas constituídas.
 
Bela 
a passagem do corpo, sua fusão 
no corpo geral do mundo. 
Vontade de cantar. Mas tão absoluta 
que me calo, repleto." 

Carlos Drummond de Andrade

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