Lento, mas vem
E agora está mais
além das longínquas nuvens
e dos altos picos ainda indistintos
e mais além do trovão
e da aranha
Demorando-se a vir
como uma flor obstinada
que vigiou o sol
O melhor é isto
a vida cotidiana
prepara boas-vindas
guarda caldos de usura
abre memórias virgens.
Porém é!
Não tem pressa lento vem
finalmente como sua resposta
seu pão para a fome
seus anjos magoados
suas andorinhas fiéis
Lentos,
Porém não lânguido
Nem orgulhoso
Nem derrotado
Simplesmente vem
Com sua folha afiada
e sua balança
Que pergunta primeiro
Por seus sonhos
E logo por suas pátrias
Por suas memórias recentes
E recém-nascidas
Lento vem o futuro
Com suas segundas-feiras e seus marços
com seus punhos e olheiras e propostas
Lentas e, apesar de tudo, rápido
Como uma pobre estrela
Sem nome, todavia,
Convalescente e lento
Cheio de remorsos
Magnífico
Modestíssimo
Este esperto futuro que nos inventamos
Nós e as possibilidades
Cada vez mais nós
e menos a possibilidade."
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