sábado, 13 de junho de 2015

Viver à Beira da Morte

"Viver à beira da morte
No gosto de mais um dia,
Nem eu diria
Que tão pouco me conforte.

Mas para quem
Não tem senão esse pouco,
Seria louco
Perder o pouco que tem.

Gozar o que, sem futuro,
Perdura uns breves instantes,
Não era dantes,
Mas hoje, é o bem que procuro.

Mais uma vez brilha o Sol!
E é de prever que à tardinha
Desponte a Lua, vizinha
Do resplendor do arrebol.

Talvez que a noite comprida
Traga outra manhã, depois.
Um dia e outro, são dois.
Não são dois dias a vida?

Nem eu diria
Que tão pouco me conforte:
Viver à beira da morte
No gosto de mais um dia."

José Régio

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