Escuridão requer olhos que vêem,
como o som e o silêncio requerem orelhas,
e o espelho, a forma que o prova.
Nem o espaço nem o tempo.
Nem sequer uma divindade que premedita
O silêncio anterior à primeira
Noite do tempo, que será infinita.
O rio grande de Heráclito o escuro
Seu curso irrevogável não empreendeu,
Nem do passado flui para o futuro,
Nem do esquecimento flui para o esquecimento.
Algo que padece já. Algo que implora.
Depois a História universal. Agora.
O suicida.
Não há de ficar da noite uma estrela.
Não há de ficar a noite
Há de morrer e comigo a suma
Intolerável do universo.
Eu apagarei pirâmides, as medalhas,
Os continentes e as caras.
Eu apagarei a acumulação do passado.
Eu farei pó da história, pó e pó.
Estou olhando o último ponte.
Ouço o último pássaro.
Chego do nada ao nada."
Nenhum comentário:
Postar um comentário