sexta-feira, 3 de julho de 2015

O Labirinto

"Zeus não podia desatar as redes
De pedra que me cercam. Ele há esquecido
Os homens que antes fui. Sigo o odiado
Caminho de monótonas paredes
Que é meu destino. Retas galerias
Que se curvam em círculos secretos
Ao cabo dos anos. Parapeitos
Que aprisionarama a usura dos dias.
Na pálida poeira há decifrado
Rastros que temo. O ar me há traído
Nas côncavas tardes um bramido
Ou o eco de um bramido desolado.
Sei que na sombra há outro, cuja sorte
É fatigar as solidões no eterno
Que tecem e destecem este inferno
E anseia por meu sangue e devorar minha morte.
Nós buscamos os dois. Que bom que era
Se fosse este o último dia da espera"

Jorge Luis Borges

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