domingo, 5 de julho de 2015

Sonhos

"Se o sonho fosse (como dizem) uma
Trégua, um puro repouso da mente,
Por que, se te despertam, bruscamente,
Sentes que te hão roubado uma fortuna?

Por que é tão triste madrugar? A hora
Nos despoja de um dom inconcebível,
Tão íntimo que só é traduzível
Num torpor que a vigília doura

De sonhos, que bem podem ser reflexos
Torcidos dos tesouros da sombra,
De universo intemporal que não se nomeia

E que um dia distorce em seus espelhos.
Quem serás esta noite no escuro
Sonho, do outro lado de seu muro?"

Jorge Luis Borges

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