sábado, 21 de fevereiro de 2015

Vem, Vento, Varre

A José Rodrigues Miguéis 

"Vem vento, varre 
sonhos e mortos. 
Vem vento, varre 
medos e culpas. 
Quer seja dia, 
quer faça treva, 
varre sem pena, 
leva adiante 
paz e sossego, 
leva contigo 
nocturnas preces, 
presságios fúnebres, 
pávidos rostos 
só cobardia. 

Que fique apenas 
erecto e duro 
o tronco estreme 
de raiz funda.
 
Leva a doçura, 
se for preciso: 
ao canto fundo 
basta o que basta. 

Vem vento, varre!"

Adolfo Casais Monteiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário